
MPPE volta a pedir punição administrativa para juíza Andréa Calado
Ministério Público de Pernambuco solicita novamente ao TJPE sanção contra magistrada por insinuações sobre atuação do órgão na Operação Integration.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) voltou a pedir ao TJPE (Tribunal de Justiça de Pernambuco),, nesta quarta-feira (19), punição administrativa da juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal, por “insinuações” dela sobre a lisura de sua atuação na Operação Integration, que apura crimes de lavagem de dinheiro por empresas de apostas esportivas on line.
O MPPE, que já havia feito solicitação idêntica ao TJPE em dezembro, anunciou a inciativa em manifestação da subprocuradora-geral Norma Galvão de Carvalho, para quem Andréa Calado da Cruz, mais uma vez, levantou suspeitas sobre os pareceres do Ministério Público..
O MPPE e a juíza voltaram a bater boca depois de pesadas acusações mútuas no ano passado. O novo imbróglio envolve a venda de um helicóptero entre donos de duas empresas de apostas esportivas on-line que o MPPE considerou legítima, parecer que a juíza contesta, alegando não ter sido completo.
A discórdia de agora gira em torno da venda do helicóptero Airbus 130 T2 do dono da Esporte da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho, do Recife, ao dono da Vai-de-Bet,, José André da Rocha Neto, de Campina Grande (PB). Ambos foram denunciados pela juíza Andréa Calado da Cruz na Operação Integration.
A juíza remeteu de volta ao MPPE autos da Operação Integration afirmando haver novos indícios da Polícia Civil de lavagem de dinheiro na venda da aeronave e acusando o MPPE de não ter apresentado um quadro “correto” da transação. A subprocuradora rebate listando na manifestação vários comprovantes de depósitos bancários da venda do helicóptero e classificando de “completamente infundada e dissonante da realidade” a acusação de Andréa Calado da Cruz.
Assim como ocorreu em 2024, o MPPE informa na sua manifestação que fará representação disciplinar contra Andréa Calado da Cruz no TJPE “tendo em vista reiteração de injustas e infundadas insinuações por ela assacadas” contra o MPPE.
Em dezembro, o MPPE havia ingressado com recurso no TJPE afirmando que a juíza mentiu em despachos e solicitando que fossem suspensas algumas de suas decisões na Operação Integration. Na ocasião, Andréa Calado da Cruz não só havia negado o arquivamento parcial do inquérito que indiciou o cantor Gusttavo Lima, proposto pelo MPPE, como levantou a suspeita de que o Ministério Público, ao propor o arquivamento, estava querendo proteger réus da Operação.
No bate-boca de dezembro, o MPPE acusou a juíza de violar “o dever funcional de tratar com urbanidade o Ministério Público” e de “incompreensíveis ataques ao MPPE em atitude típica de quem aparenta paixão pela investigação e não consegue manter a distância e isenção indispensáveis” à função de julgar. Disse, ainda, que a juíza disparou “ insultos, ofensas e insinuações” ao MPPE, “atitude incompatível com a postura exigível de quem tem a obrigação da imparcialidade”.