WASHINGTON Um grupo de deputados republicanos levou ao extremo o pedido do presidente
Donald Trump
para pegar mais pesado em relação às investigações que podem levar a um processo de impeachment contra ele. Na sessão desta quarta-feira na Câmara, eles invadiram a sala onde uma funcionária do
Pentágono
iria depor. A fala ocorreria a portas fechadas, mas o grupo conseguiu entrar e até levar
celulares
para dentro do recinto, violando talvez a principal das regras de segurança.
Eles enlouqueceram. Estão tentando parar a investigação afirmou o deputado democrata Ted Lieu. Eles não querem ouvir a testemunha Laura Cooper hoje. Eles sabem que os fatos que serão revelados serão absolutamente prejudiciais ao presidente dos
EUA
.
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O deputado republicano
Mark Meadows
afirmou que cerca de 20 parlamentares invadiram a sala, sendo que alguns deles sequer fazem parte das comissões que lideram o inquérito sobre o
impeachment
. Para ele, as regras estabelecidas pelos democratas, que comandam a Câmara, são
injustas, e os deputados não vão desistir até que seja estabelecido um processo mais aberto e transparente, chamando ainda o inquérito de piada, charada e de “julgamento ao estilo soviético.
Segundo testemunhas, os deputados empurraram agentes da
Polícia Legislativa
em meio a gritos. Um deles, o republicano Matt Gaetz, tentou o mesmo na semana passada, mas foi barrado na porta. Desta vez, ele teve sucesso.
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Por causa do tumulto, o depoimento de
Laura Cooper
foi suspenso e só retomado mais de cinco horas depois. Ela é um dos principais nomes do Pentágono para assuntos relacionados à Rússia e à Ucrânia, e seria questionada sobre a decisão do presidente Trump de suspender uma
ajuda militar
de US$ 391 milhões ao governo ucraniano. Essa medida está no centro do inquérito os deputados querem descobrir se ela foi usada
para pressionar o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
, a lançar uma investigação contra os negócios do filho do ex-vice-presidente Joe Biden,
Hunter
, no setor de gás do país.
Biden é um potencial rival de Trump na eleição do ano que vem, e as ações do presidente são vistas como uma tentativa de influenciar o processo eleitoral americano usando um governo estrangeiro. A narrativa foi corroborada não apenas pela denúncia inicial, feita por um funcionário da inteligência, mas também por
várias testemunhas
que
falaram às comissões
.
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Para o deputado democrata
Eric Swalwell,
a ação dos republicanos nesta quarta-feira teve como alvo justamente as testemunhas. Algumas delas falaram mesmo diante do veto do governo, por vezes do próprio Trump. Contudo, o congressista disse que essa estratégia não vai funcionar.
Vemos um esforço não apenas para intimidar essa testemunha mas também para intimidar futuras testemunhas. Não vai funcionar, não seremos impedidos.
Trump não comentou o incidente, mas retuitou várias postagens de republicanos falando em defesa da invasão. O presidente afirma ser vítima de
assédio
por parte dos democratas, e garante que suas tratativas com o governo da Ucrânia não violaram as leis.