RIO Os moradores de Nova Iguaçu contabilizam os prejuízos causados pela chuva de granizo da noite desta sexta-feira. Às 17h deste sábado, a prefeitura do município da Baixada Fluminese decretou estado de calamidade pública, afirmando que, com o decreto, o município “poderá conseguir recursos com o estado e com a União, visando apoiar e atender a população atingida pelos efeitos da tempestade”.
A Defesa Civil municipal de Nova Iguaçu pede que os moradores mantenham-se calmos e atentos às orientações das equipes da prefeitura, que estão capacitadas para agir em situações de emergência.
Pela manhã, voltou a chover. No bairro Cacuia, em Austin, um dos lugares mais atingidos nesta sexta-feira, o promotor de vendas Robson da Silva Barbosa, de 35 anos, que vive na Rua José Carlos, sentiu os efeitos do temporal na pele. Além de perder móveis e três aparelhos de televisão, já que telhas e janelas foram atingidas, Robson ainda se feriu com os estilhaços de vidro.
Foi tudo de repente e muito rápido. As pedras eram gigantes e começaram a destruir tudo. Cortei o pé, era sangue pra todo lado em meio àquele temporal. Fui para o hospital e levei três pontos. Estou desesperado, não tenho como arcar com esse prejuízo. Só de telhas, teria que gastar uns R$1,5 mil. Mas não tenho esse dinheiro. Se alguém puder doar, agradeço, porque não tenho esperança de que a prefeitura vá nos ajudar diz o promotor de vendas.
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A maquiadora Sandra Cavalcante, de 47 anos, mulher de Robson, lembra, emocionada, do que viveu na última noite:
Foi um filme de terror. Nunca vi coisa igual na minha vida. Quase desmaiei de tanto sofrimento. O pior ê não ter nem esperança de que algum governante vá nos ajudar.
Robson perdeu aparelhos de TV e se feriu com estilhaços de vidro Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
A Defesa Civil municipal orienta as pessoas em áreas que apresentem riscos estruturais a se dirigirem para locais seguros, como Pontos de Apoio. A prefeitura disponibilizou dois contatos para emergência: 199 ou 3779-0660.
Casal perdeu TVs e móveis, após chuva de granizo Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Especialista explica fenômeno
Fábio Rocha, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), comentou que a chuva forte estava prevista para algumas regiões do Rio além da Baixada Fluminense e da Zona Norte da capital, como a Região Serrana. O meteorologista explicou que a chuva de grazino aconteceu por causa de uma combinação do calor, da alta umidade e da passagem por uma área de baixa pressão, chamada de cavado, na baixa e média troposfera, que é a altitude até 5.500 metros.
Geralmente, áreas de baixa pressão costumam ter aumento da instabilidade perto da superfície. Como é uma nuvem de tempestade, a chuva de granizo ocorre de uma forma muito pontual. Para algumas regiões estava previsto sim acontecer essa chuva, o nosso sistema sinalizou com granizo, mas não tinha como precisar especificamente a região, pois pode acontecer em um bairro e em outro não. Na Baixada Fluminense teve um impacto muito maior e mais volumoso, mas já estava com condição de pancada de chuva.
Rocha contou que outras regiões como o Vale do Paraíba, o Centro-Oeste de Minas Gerais, e parte do Estado do Rio e de São Paulo continuaram com aviso de chuva forte para hoje, com possibilidade de temporais, pancadas de curta duração.
Ainda temos algumas regiões com aviso meteorológico e não se descarta a possibilidade de queda de granizo novamente, porque pega boa parte do Rio, o Sul e Centro-Oeste de Minas.
No período entre a primavera e até o fim verão esse tipo de fenômeno costuma ser mais frequente, explicou o especialista:
Temporais de verão podem vir acompanhados de queda de granizo e vai durante o todo o verão, porque é uma estação também chuvosa, quando ocorrem mais temporais de curta duração, bem localizados e podem vir acompanhados de severidade. Por isso é importante que as pessoas acompanhem os avisos meteorológicos e busquem proteção em caso de chuva.
Na próxima quarta-feira, dia 30, o CPTEC/INPE vai divulgar a previsão climática do país para o próximo trimestre. A reunião será às 14h, no auditório da instituição, em Cachoeira Paulista, São Paulo.
Campanha para doação
A Cruz Vermelha de Nova Iguaçu está fazendo uma campanha para ajudar as vítimas da chuva. A instituição está recebendo doações de roupas de cama, roupas e calçados em geral, colchonetes, telhas, lonas, alimentos não perecíveis, produtos de limpeza e higiene pessoal. Quem quiser ajudar pode enviar as doações para a sede, localizada na Rua Bernardino de Melo, 2085, no Centro de Nova Iguaçu e também para a sede da Secretaria de Assistência Social, localizada na Rua Dr. Luiz Guimarães, 956, também no Centro
A Cruz Vermelha e a Secretaria Municipal de Assistência Social são os órgãos componentes do Sistema Municipal da Defesa Civil e pontos oficiais de arrecadação de doação dos materiais para as vítimas atingidas, informou em nota o presidente da instituição Daniel Coelho.