O Banco Central estuda uma reengenharia de cobrana do cheque especial e deve anunciar uma medida em breve, antecipou, nesta tera-feira (26/11), o presidente da autoridade monetria, Roberto Campos Neto, durante o seminrio Correio Debate: Desafios para 2020 ? O Brasil que nos aguarda, realizado no auditrio do jornal. Segundo ele, o perfil de quem mais usa essa modalidade de crdito emergencial, que tem as maiores taxas do mercado, 44% com renda at dois salrios mnimos e 67% com escolaridade at o ensino mdio. ?Ou seja, h um componente de baixo rendimento associado falta de educao financeira?, ressaltou Campos Neto.Por conta disso, 21% dos brasileiro esto com endividamentos com juros de mais de 300% ao ano. ?Est claro que essa pessoa no vai conseguir pagar. Por isso, estudamos modificar a cobrana do cheque especial. Hoje, os juros so muito altos, porque, para garantir um limite o banco tem custo, porque o regulador tem que cobrar por aquele dinheiro que pode ser sacado a qualquer momento?, explicou. ?A modalidade to regressiva porque, se voc tem um limite enorme, mas no usa, quem paga so os endividados?, assinalou.Roberto Campos Neto tambm comentou sobre a poltica cambial, sobretudo porque a moeda norte-americana passou dos R$ 4,23. ?A poltica monetria se faz com juros, o cmbio flutuante. As intervenes que temos feito so para atenuar movimentos fora do normal. Como o cmbio descolou muito hoje, fizemos duas intervenes. Mas no so movimentos de longo de prazo?, justificou.
O presidente do BC observou a curva da taxa de juros bsicos, a Selic, que est em 5% e reiterou que deve fechar o ano em 4,5% com mais uma reduo em dezembro. ?O BC controla a Selic, mas no a taxa de juros de longa durao. Os projetos de infraestrutura so de longo prazo, por isso temos que fazer movimentos no curto prazo que se propaguem no longo prazo?, explicou. Como o retorno de projetos de infraestrutura ficam em torno de 8,5% a 9%, ter taxas futuras acima de 12%, como j ocorreu, inviabiliza projetos?, afirmou. ?Temos que ter credibilidade e aumentar a potncia da poltica monetria. A agenda de reformas facilita a queda de juros no longo prazo?, disse.